Disney desiste de empreendimento de US$ 1 bilhão na Flórida (2023)

Em março, a Disney ligou para o governador Ron DeSantis da Flórida “anti-negócios” por sua tentativa de terra arrasada de aumentar a supervisão do resort do parque temático da empresa perto de Orlando. No mês passado, quandoDisney processou o governadore seus aliados pelo que chamou de “uma campanha direcionada de retaliação do governo”, a empresa deixou claro que US$ 17 bilhões em investimentos planejados no Walt Disney World estavam em jogo.

“O estado quer que invistamos mais, empreguemos mais pessoas e paguemos mais impostos ou não?” Robert A. Iger, presidente-executivo da Disney, disse em uma teleconferência com analistas na semana passada.

Na quinta-feira, Iger e Josh D'Amaro, presidente do parque temático e produtos de consumo da Disney, mostraram que não estavam blefando, desativando um complexo de escritórios que estava programado para ser construído em Orlando a um custo de cerca de US$ 1 bilhão. Isso teria gerado mais de 2.000 empregos na Disney para a região, com US$ 120.000 como salário médio, de acordo com uma estimativa do Departamento de Oportunidades Econômicas da Flórida.

O projeto, perto do centro da cidade de Lake Nona, deveria custar US$ 864 milhões, mas as estimativas recentes de preços estão próximas de US$ 1,3 bilhão. A Disney planejava realocar até 2.000 funcionários do sul da Califórnia, incluindo a maior parte de um departamento conhecido como Imagineering, que trabalha com os estúdios de cinema da Disney para desenvolver atrações de parques temáticos.

A maioria dos funcionários afetados reclamou amargamente por ter que se mudar -alguns desistem- mas a Disney se manteve firme, em parte por causa de um crédito fiscal da Flórida que teria permitido à empresa recuperar até US$ 570 milhões em 20 anos pela construção e ocupação do complexo.

Quando anunciou o projeto em 2021, D'Amaro citou o "clima favorável aos negócios da Flórida" como justificativa.

O tom de D'Amaro em um e-mail aos funcionários na quinta-feira foi notavelmente mais frio. Ele citou “mudança nas condições de negócios” como motivo para cancelar o projeto Lake Nona. "Continuo otimista sobre a direção de nossos negócios no Walt Disney World", disse D'Amaro no memorando. Ele observou que $ 17 bilhões ainda estavam destinados à construção na Disney World na próxima década - crescimento que criaria cerca de 13.000 empregos. “Espero que sejamos capazes”, disse ele.

O memorando, que foi visto pelo The New York Times, não menciona DeSantis. Mas a batalha da empresa com o governador e seus aliados no Legislativo da Flórida figurou com destaque na decisão da Disney de cancelar o projeto Lake Nona, de acordo com duas pessoas informadas sobre o assunto, que falaram sob condição de anonimato para discutir deliberações privadas. Uma porta-voz de Iger disse que ele não estava disponível para uma entrevista.

As autoridades da Flórida apontaram repetidamente para o desenvolvimento de Lake Nona como um exemplo de vitalidade econômica em Orlando, quesofreu poderosamentedurante a pandemia. Observando que cadeias de hotéis e varejistas estavammovendo-se para a área de Lake Nonaantecipando a chegada da Disney, o The Orlando Business Journal em janeiro chamou o complexo de "um importante impulsionador econômico para a região".

Em um comunicado, Jerry L. Demings, prefeito de Orange County, que inclui Orlando, disse que era "lamentável" que a Disney cancelasse seus planos. “No entanto, essas são as consequências quando não há um ambiente de trabalho inclusivo e colaborativo entre o estado da Flórida e a comunidade empresarial”, disse Demings.

Governador Gavin Newsom da Califórniaagradeceu Disney. “São mais de 2.000 empregos que serão recebidos de braços abertos no Golden State”, disse Newsom no Twitter.

A Disney já incorreu em milhões de dólares em despesas relacionadas ao projeto, incluindo custos de realocação de cerca de 200 funcionários que já se mudaram da Califórnia para a Flórida. D'Amaro disse em sua nota que a empresa discutiria opções com esses trabalhadores, "incluindo a possibilidade de transferi-los de volta". (Não ficou claro se alguma das pessoas que pediram demissão em vez de se mudar teriam a chance de voltar aos seus empregos.) O projeto Lake Nona estava inicialmente programado para ser inaugurado no próximo ano. Em julho passado, a Disney adiou a data de mudança para 2026, citando atrasos na construção relacionados à pandemia.

O campus de Lake Nona, a cerca de 32 quilômetros da Disney World, perto do Aeroporto Internacional de Orlando, foi defendido por Bob Chapek, que atuou como executivo-chefe da Disney de 2020 até ser demitido no ano passado. Iger, que saiu da aposentadoria para retomar as rédeas da Disney, estava muito menos entusiasmado com o projeto - mesmo antes de a empresa se atolar em sua batalha com DeSantis. Assim que voltou para a Disney, Iger começou a dizer aos assistentes, por exemplo, que não fazia muito sentido mudar a Imagineering para tão longe dos estúdios de cinema da Disney. Como ele gosta de dizer, “Equipes criativas precisam estar juntas”.

O Sr. Iger tem sistematicamente revertendo as decisões do Sr. Chapek. Em fevereiro, por exemplo, ele anunciou que a Disney iria reestruturar seu funcionamento interno, encerrando uma estrutura estabelecida por Chapek. Em março, como parte de amplas demissões, Iger encerrou um projeto de metaverso de 50 pessoas que Chapek havia iniciado.

A Disney também está no meio decortar US$ 5,5 bilhões em custosà medida que busca melhorar a lucratividade, pagar dívidas e restaurar seus dividendos. Mais tarde na quinta-feira, por exemplo, a Disney disse que fecharia um hotel de luxo com baixo desempenho na Disney World. O imóvel de 100 quartos, anunciado em 2017 e inaugurado no ano passado, simulou umaviagem de duas noites em uma nave espacial “Star Wars”. As reservas começam em $ 6.000 para uma família de quatro pessoas; o preço de interesse limitado. A Disney gastou centenas de milhões de dólares para construir e comercializar a oferta imersiva, que chamou de Galactic Starcruiser.

As ações da Disney fecharam a cerca de US$ 94 na quinta-feira, uma queda de cerca de 45 por cento em relação a dois anos atrás.

DeSantis e a Disney têm brigado por mais de um ano sobre um distrito fiscal especial que abrange a Disney World. A briga começou quando a empresa criticou uma lei educacional da Flórida que os oponentes rotularam de “Não diga gay” porque limita a instrução em sala de aula sobre identidade de gênero e orientação sexual – irritando DeSantis, que repetidamente jurou vingança.

Desde então, os legisladores da Flórida, a pedido de DeSantis, têm como alvo a Disney - o maior contribuinte do estado - com uma variedade de medidas hostis. Em fevereiro, eles encerraram a capacidade de longa data da Disney deautogovernar seu resort de 25.000 acrescomo se fosse um condado, dando ao Sr. DeSantis o controle sobre os serviços governamentais do resort.

foi logodescobertoque o conselho anterior, controlado pela Disney, aprovou contratos de desenvolvimento que encerram um plano de crescimento para o resort. Desde então, um esforço para anular esses acordos resultou em duelos de ações judiciais, com a Disney processando DeSantis e seus aliados no tribunal federal e os indicados pelo distrito fiscal do governador respondendo ao fogo no tribunal estadual.